"Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte."
Comungar as experiências do presente é em parte evocar o passado. É a influência do que foi assimilado no decorrer da vida vindo se juntar aos novos conhecimentos e se expressar nesta associação inexplicável que o destino faz ao conectar momentos como peças. Deste modo, os elementos presentes se misturam para representar uma construção interna e se moldam num suporte que induz à proteção – a telha – mas que não se fecha. Posto que é transparente, deixa passar luz. Um aprendizado constante como um evoluir da sensibilidade. É poder ser, estar e sentir o que acontece entre a pintura e a fotografia, entre o claro e o escuro, entre o real e o virtual na arte visual.
"Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prémio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reacção contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do zodíaco."
Jornalista e pensadora visual. Minha satisfação é dar forma ao bom conteúdo. Ou, fazer a linguagem ganhar corpo e vida para a mensagem propiciar o conhecimento.