Comecei a fazer uma lista de compras e notei que minha letra estava firme. Minha mão estava segura e eu certa do que sou. Como há tempo penso em escrever sobre mim, relembro o que aprendi com créditos e débitos, e num balanço breve, fica claro que foram meus filhos que me fizeram uma pessoa segura. Vivo porque os tenho.
Sinto estabelecido entre nós um amor eterno, inteiro, incondicional... mesmo que venham diferenças ou aumentem as distâncias. Eles são lindos e tudo o que quero é que sejam felizes. Sei que se pedir Deus me atende. Já pedi. Tenho essa fé, acredito que vou passar pra eles essa certeza de que tudo vai dar certo. De que vão trabalhar no que gostarem e vão amar e ser amados. Felizes por uma vida simples mas total, completa.
Meu maior prazer é lhes fazer as vontades, brinquedo, lanche, filme, passeio, ajuda no dever de casa, no banheiro. Procuro logo um sorriso de satisfação, mas a alegria do momento é minha e ninguém sabe. Talvez outras mães, loucas como eu, sobrevivam desse sentimento que faz rir e chorar e enche a alma de ternura, carinho e tudo mais que houver de bom e estiver por perto.
Queria saber explicar a sensação de dar a mão esquerda a um e a mão direita a outro. Mas mais difícil de explicar é o abraço, braços finos entrelaçados no meu pescoço me fazem perder a voz. Pois eles dizem que sou linda. Como pode? O que eles veem, e eles conseguem ver, é o amor que sinto por eles. Isso sim é o que é lindo em mim.
